TÔ CHORANDO POR VOCÊ
Tô chorando, to chorando
Tô chorando por você
Se você num acredita
Vou chorar pra você vê
Minha mãe num quer que eu case
Nem meu pai que eu namore
Eu namoro por capricho
Nem que uma bala me tore
Tô chorando, tô chorando...
Tava na porta cosendo
E a linha deu um nó
Se quiser falar comigo
Venha amanhã que eu to só
Tô chorando, to chorando...
Fiu subindo até o céu
Preguntei nossa senhora
Se o namoro fô pecado
Êita eu peco toda hora
Tô chorando, to chorando...
Minha mãe me deu uma surra
No namoro da janela
Mas num sabe que um netinho
Vai chegar na casa dela.
Cântiga de trabalho
Analise de uma cantiga de trabalho das distaladeiras de fumo nos salões do município de Arapiraca – AL cantadas em meados dos anos de 1995. As destaladeiras eram mulheres de grandes expressões verbais, essas mulheres manifestavam os seus pedidos e insinuações aos proprietários dos salões de fumo em meio à própria cantoria O trabalho aparentemente simples era cansativo, pois praticando os mesmos movimentos por muitas horas deixava as destaladeiras improdutivas, então para vencer a monotonia resolveram quebrar o silêncio cantando algumas modinhas, improvisando versos para animar o salão e tirar o fumo todo, isto é, destalar.
As cantigas se tornaram de tanta importância no processo de destalação que os fumicultores disputavam entre si, pelas melhores vozes das destaladeiras para levá-las ao salão e assim o processo de destalação virou uma grande animação. Na cantiga, “Tô chorando por você”, é possível observar ensinamentos, ousadia e/ou coragem, a mesma conta a história de como era os namoros de antigamente na janela das casas no interior do Estado. Nesse período Muitas moças que foram vista na janela com rapaz foram obrigadas a casarem antes que ficassem mal faladas na região.
Essa cantiga apresenta características lírica, sarcástico, satírico, irreverente, espirituoso e de roedera, que também é conhecido como paixão recolhida era entoadas em várias vozes, mesmo sem combinação e sem saber o quem era a primeira ou a segunda voz, em um salão com vinte mulheres, três ou quatro eram as líderes (tiradoras de versos), as outras acompanhavam cantando o refrão.
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